Vigilância Armada Em Área Hospitalar Não Resolve

Por Cândido Brasil, Coordenador do Coletivo para Promoção Cultural da ASERGHC

Que a violência é uma das maiores, se não a maior preocupação da população, todos sabemos e qualquer medida que gere segurança deve ser apreciada não há dúvidas. Porém, em termos de segurança, há limites para cada especificidade, seja ela preventiva ou ostensiva.

Cada forma de segurança possui suas peculiaridades gerais (Visual, verbal, tátil, tecnológica…) e em todas elas a operação ocorre por meio do seu ator principal: o ser humano, o profissional. E este elemento nem sempre é visto, ou melhor, lembrado na questão da sua própria segurança.

Ele que em diversas situações arrisca
a sua vida pela vida do semelhante ou
do patrimônio pelo qual está responsável
não tem garantia alguma… não tem segurança…

Na área hospitalar, a segurança tem características diferenciadas das áreas comerciais e empresariais, a sua atuação deve ser preventiva, visual, comunicativa (entre si) e acolhedora, mas jamais armada, pelo risco de situações diversas. Sendo a de maior risco a atração de meliantes em busca de armas (Tivemos exemplo no Hospital de Clínicas há poucos dias atrás), onde a possibilidade de ocorrer uma tragédia é enorme.

Além disso, há outras situações preocupantes que podem ocorrer, como por exemplo, uma reação ou abordagem a outros elementos armados num ambiente de pessoas fragilizadas e de profissionais preocupados em prestar atendimento a quem busca ajuda. Paralelo a estas observações, existe a questão psíquica do perfil profissional adequado para o porte de arma e sua correta utilização, tanto de passagem de serviço, manutenção e ou manuseio.

O profissional da segurança física e patrimonial de área hospitalar deve ter o conhecimento do sistema organizacional onde atua e seus acessos principais, secundários, áreas periféricas e áreas internas. Também de seu quadro profissional, de usuários e fornecedores, com os respectivos horários de visitas e liberação ou recebimento de materiais, o que é rotineiro para o profissional orgânico, por fazer parte da instituição. Enquanto nas empresas terceirizadas, o rodízio de profissionais ou de empresas em regime contratual recorrente não supre estas necessidades.

Segurança hospitalar se faz com efetivo condizente
as necessidades da estrutura física e fluxo de pessoas,
com treinamento profissional, investimento tecnológico,
medidas de contenção em áreas de acesso e principalmente
confiança, apoio e visão por parte do comando gerencial.

Se o valor investido em um contrato de segurança armada for direcionado ao efetivo orgânico e suas necessidades de material humano, estrutura tecnológica e treinamento, o retorno para a instituição será muito maior. Começando pela autoestima do quadro funcional e a certeza de que todos os postos e acessos estarão cobertos e interligados, prontos para pronta resposta em qualquer ocorrência.